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Simplicidade...

Hoje acordei e como em todos os fins-de-semana, depois de passear o cão, fui beber um café à pastelaria no cimo da rua. Como em todos os outros fins-de-semana, à medida que ia subindo a rua os rostos conhecidos começaram a aparecer e a esboçar aqueles sorrisos que se transformam em bons dias, foram-se levantando as mãos em jeito de aceno, os sons que conheço tão bem tornaram-se mais vivos e aquela lenta azáfama das rotinas em dias de descanso entranhou-se-me no coração. De repente fui invadida por aquela sensação de conforto de quem acabou de chegar a casa e trocou os sapatos pelas pantufas. De repente tinha sido invadida por aquela sensação de amor puro, de quando sabemos que pertencemos àquele lugar. Não fosse o facto de os vizinhos poderem pensar que eu tinha fritado a pipoca de vez, tinha parado no meio da rua e tinha ficado ali só a absorver tudo o que acontecia à minha volta e dentro de mim. Naquele momento senti gratidão pura!


De há um tempo para cá tenho estado num daqueles processos de refinar a vida, de abanar a árvore para ver que fruta cai. De tempos a tempos, preciso de perceber em que parte do caminho estou e afinar a rota. Isto tem-me levado a pensar muito sobre o que é verdadeiramente importante para mim. Não é sobre o que os outros vão pensar de mim ou sobre o que é esperado de mim, mas sim sobre o que é que me faz verdadeiramente feliz e se alinha com a minha essência. Como já disse noutros momentos, eu sou uma pessoa para quem as coisas têm que fazer sentido, têm que ter significado. Se não têm, eu sinto-me vazia e acabo por me sentir como se estivesse a desaparecer. Uma das coisas que tenho percebido que é francamente significativo para mim, é esta sensação de conforto, de pertença e de amor. É esta sensação que me faz perceber se as pessoas que me rodeiam são para manter ou não. É esta sensação de estar em casa que me diz se devo continuar num determinado sítio ou não. E é esta a sensação que eu tenho quando entro na minha casa.


Há coisas muito pequeninas que me trazem uma paz enorme: o calor do sol na pele num dia de praia, o abraço forte daquelas pessoas que eu amo muito, os sons da rua onde eu vivo, afundar-me nas almofadas do meu sofá, sentir a manta fofinha em cima das pernas, calçar meias de lã, o cheiro do chá acabado de fazer, ter a casa toda em silêncio, a luz das velas acesas ao fim da tarde... são coisas como estas que me fazem amar a minha vida e querer vivê-la com muita força. E há momentos (muitos) em que me sinto perdida, sem saber que caminho seguir ou até sem ver caminho nenhum. Há momentos em que o marasmo toma conta de mim e parece que não sou capaz de sair do mesmo sítio. Há momentos em que sinto que falhei, que a vida não está a correr como eu queria, que eu não estou a fazer o que devia ou que estou a fazer tudo errado. Mas são estas pequenas coisas que me fazem perceber que tudo está como deveria estar, tudo está na ordem perfeita. São sensações como a de hoje de manhã que me fazem sentir que o mundo é um lugar maravilhoso para se viver e que esta minha vida é tão perfeita quanto poderia ser. São momentos como estes, que me enchem o coração com um amor profundo e que me levam a sentir gratidão por tudo aquilo que eu tenho na minha vida. Não tem que ser grandioso, não tem que ser caro, não tem que ser megalómano, só tem que ser especial, sentido e com significado. Tem que ter alma, tem que ter essência, tem que ter amor e tem que ter substância.


As ambições e os sonhos vão sempre estar em cima da mesa e vão sempre ser alimentados. A vontade de querer ter, fazer e ser mais e melhor vai continuar a existir. Aquilo que eu quero para mim e para quem eu sou vai continuar a ter um lugar de foco, mas, de vez em quando, em alguns momentos, quero ser capaz de parar o mundo e absorvê-lo tal e qual como ele é, sem tirar nem pôr, sem resistir e sem o tentar mudar. Quero poder simplesmente aceitar tudo o que me é oferecido naquele momento e agradecer. Porque hoje percebo que a beleza está mesmo nas coisas simples e o que realmente me importa é que a minha vida continue repleta daquilo que trás verdadeiro sentido ao meu coração, que a minha alma brilhe com cada vez mais intensidade, que eu seja capaz de viver cada vez mais fiel à minha essência e que eu possa continuar reconhecer nas pequenas coisas a magia que vive dentro de mim. Que assim seja!


 
 
 

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