top of page
Buscar

Crianças das Estrelas

Talvez tu não te lembres que nós somos feitos de pedacinhos de céu misturados com pó das estrelas. Talvez tu não te lembres que nós somos alquimistas e percebemos de magia. Conhecemos segredos do mundo e sabemos onde se escondem portas para reinos encantados, porque dentro de nós reside um Universo. Nós não compreendemos o tempo e o espaço porque no lugar de onde viemos eles não existem. Não te lembras quando corríamos pelas estrelas de mãos dadas, à espera que uma delas caísse para nos sentarmos no seu rasto? Não te lembras de quando nos escondíamos na Lua e eu descansava no teu ombro? Não te lembras como nos deslumbrávamos com o fogo do Sol e com as suas tempestades? Não te lembras como eu ficava triste cada vez que uma estrela se apagava e de como tu me abraçavas em jeito de conforto? Não te lembras como nos divertíamos a criar arco-íris no céu? De como quando corríamos deixávamos atrás de nós um rasto de mil cores? Não te lembras dos sonhos que sonhámos juntos enquanto passeávamos pelas nuvens?


Criança das estrelas, não te lembras como nós éramos livres e felizes? Não te lembras do que nos ensinaram sobre o amor e a alquimia do espírito? Não te lembras das conversas com os deuses e dos passeios com os anjos? Eles ensinavam-nos sobre o poder do amor, sobre a força da alegria e sobre o entusiasmo da experiência que é viver. Antes de nos mandarem para cá, eles ensinaram-nos como a condição humana pode ser densa e pesada, mas também nos disseram como podíamos trazer o Céu para a Terra. Não te lembras? Todas as conversas sobre a nossa essência e como não devíamos ter medo dela? Não te lembras que somos estrelas de carne e osso? Que temos o poder e a sabedoria de mil existências dentro de nós?


Não tens saudades de quando estávamos lá? Eu tenho e é por isso que às vezes me vês chorar. Eu lembro-me de todas as conversas, mas às vezes fica demasiado pesado ser a única a lembrar-me. Às vezes fica demasiado difícil olhar para o nosso poder e vê-lo desmembrado, olhar para a nossa força e vê-la adormecida, apenas acordando em pequenos lampejos de consciência para rapidamente voltar a cair num sono moribundo. Quando nos separaram e nos mandaram para aqui as nossas cores perderam-se e as sombras começaram a invadir as nossas almas. A nossa história foi-nos apagada da memória que trazemos para este lugar, a magia foi-nos retirada e a nossa verdade ficou adormecida, à espera que um de nós a resgate dos calabouços da nossa existência. Tornámo-nos Meninos Perdidos na Terra do Nunca, mas eu nunca me esqueci. As velhas roupas que carregamos agora, esconderam o nosso brilho e a nossa herança cósmica, mas eu não me esqueci de ti. Conseguia reconhecer-te em qualquer lugar do Universo. Vénus jamais poderia esquecer o seu Marte.


Por mais difícil que às vezes possa ser, nunca vou desistir de te tentar fazer lembrar que não somos Meninos Perdidos. Somos Crianças das Estrelas, filhos do Universo, abençoados pelo Sol e pela Lua. Nunca vou desistir de te lembrar da fé e da esperança que tínhamos no Mundo, das cores que espalhávamos pelo Cosmos, nem do Céu que tanto desejávamos trazer para a Terra. Enquanto puder, nunca vou desistir de ti. Nunca vou desistir de te lembrar que, por mais escura que seja a noite, enquanto pudermos olhar para o céu, encontraremos sempre uma forma de sermos livres e de regressarmos a casa.

✩☾✩



 
 
 

Comments


Por favor, insira um email válido

©2018 by Trinta Sentidos. Proudly created with Wix.com

bottom of page