A Jornada de Retorno à Essência
- Marina Duque
- 19 de jan. de 2019
- 4 min de leitura
Ando para escrever sobre o ano de 2018 há algum tempo, mas porque foi um ano tão preenchido de mudanças, de transformações e de processos internos profundos, ainda não tinha conseguido arranjar oportunidade para colocar aqui, de forma sintética, tudo aquilo que ele representou. Comecei o ano com o estalar da rígida armadura que protegia o meu coração, durante o ano rompi com as correntes que protegiam a minha alma e no fim, já não precisava de armaduras, só de velar as minhas mortes e de enterrá-las de uma vez por todas. Quando cheguei ao fim do ano, tinha a certeza que estava prestes a fechar um ciclo muito longo que durou muito mais do que 365 dias e a iniciar um novo caminho, o caminho que me levará até casa.
2018 foi o ano em que iniciei a minha Jornada de Retorno à Essência. O caminho para a Essência por vezes pode ser confuso e um bocadinho trapaceiro. É um caminho onde de início parece não se ganhar muito, mas perder-se bastante. É um caminho cujo propósito é descobrir tudo o que já temos, tudo o que já existe dentro de nós, tudo o que já somos e para isso, precisamos despirmo-nos de todas as armaduras que criámos, libertar muita da nossa bagagem emocional e psicológica, deixar ir aquilo que já não nos serve mais e abrir o nosso coração ao amor e à fé. Quando começamos a caminhar para a nossa Essência procuramos verdades e descobrimos mentiras. Perdemos sonhos, perdemos pessoas e há momentos em que parece que até nos perdemos a nós mesmos. Damos muitas vezes connosco despidos no meio da estrada, perdidos e sem saber para onde ir. Aquelas que pensávamos serem as nossas estruturas desfazem-se, aqueles que pensávamos serem os nossos modelos de vida sucumbem e então a nossa verdade começa a surgir.
Em 2018 fui obrigada a libertar e deixar ir aquilo que levei muitos anos a construir. Acabei por descobrir novos amores em amores antigos e por construir novos sonhos sobre os sonhos destruídos. Comecei a destapar a minha verdade libertando-me dos panos que cobriam a minha autenticidade. Reclamei o meu direito de ser livre e de livremente Ser. Encontrei o entusiasmo na caixa da simplicidade e a alegria nas águas correntes da fluidez. Aprendi sobre a magia do Agora e descobri que o Presente é o único tempo que verdadeiramente existe e pode ser vivido. Como um arquitecto, reforcei as minhas fundações, redefini as minhas estruturas e comecei a expandir o meu arranha-céus.
A magia da Essência reside no facto de descobrirmos que dentro de nós existe um arranha-céus. É verdade, nós somos enormes! Somos um arranha-céus cujas fundações se cravam na Terra, que ergue as suas estruturas a partir do coração e que irrompe pelo céu com o seu topo. Esta é a verdadeira fisionomia de um Ser e possui um potencial ilimitado. O que acontece é que, muitas vezes, os nossos medos, as nossas carências e as nossas fragilidades fazem com que tentemos limitar este potencial de expansão. Ficamo-nos pelas raízes, pelas fundações e não avançamos muito na estrutura. Como se costuma dizer "quanto mais alto é o voo, maior é a queda" e ficamos assim com medo de crescer, com medo de expandir, ficamo-nos por o que é seguro e confortável, pelo que encaixa melhor na paisagem à nossa volta. A Jornada de Retorno à Essência exige que se acorde o potencial que temos dentro de nós e que é nosso por direito desde que nascemos neste mundo. Exige que se acorde a nossa verdade, que se reclame a nossa liberdade, que se viva com autenticidade, que se limpem os despojos da nossa existência e que nos expandamos até ao céu. Regressar à nossa Essência é um processo de confiança e de fé. É um caminho que fazemos dentro de nós e onde perdemos muito antes de começar a ganhar, por isso é tão necessário ter confiança e fé em nós mesmos e em que estamos no caminho certo. Se estivermos atentos, quando começamos a ganhar, até agradecemos termos perdido.
Regressar à nossa Essência é também regressar ao estado de amor com que viemos ao mundo. É descobrir aquela força interna que nos move e entusiasma e não termos medo de a colocar ao serviço das nossas construções pessoais. É não termos medo de destapar a nossa existência, limpar o sótão das nossas recordações, abrir as caixas das nossas experiências, arrumar as prateleiras do nosso coração e deitar fora tudo o que nos serviu, mas já não serve mais. É desfazermo-nos de tudo aquilo que nos impede de chegar ao céu e carregarmos connosco somente o que nos é essencial, porque o que é essencial é leve e não nos pesa no caminho. É um caminho de amor, de verdade, de autenticidade, de liberdade, que trilhamos com alegria, entusiasmo e fé. É o caminho de regresso a casa, de regresso a nós mesmos, afastado das programações que o mundo nos tentou impor e alinhado com o que de mais único e especial trouxemos para manifestar nesta vida: o nosso Eu!
Que 2018 não tenha sido um fim mas sim um começo. Que 2019 traga a todos nós a possibilidade de expandirmos os nossos arranha-céus e de regressarmos à nossa casa, ao nosso amor, à nossa identidade, à nossa Essência. Que a nossa jornada seja leve e o nosso caminho abençoado! ✩

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